Operação da Polícia Civil apreendeu R$ 10 milhões em bens de investigados e fechou frigorífico no Vale
Crédito: matheus chapariniInvestigado por suposta lavagem de dinheiro, frigorífico Frigoforte, de Santa Clara do Sul, foi fechado nesta semana
Uma operação que investiga suspeitas de lavagem de dinheiro resultou na suspensão das atividades do frigorífico Frigoforte, em Santa Clara do Sul, e na apreensão de R$ 10 milhões em bens dos investigados. Foram cumpridas doze ordens judiciais, sendo sete de bloqueio de bens patrimoniais e cinco de mandados de busca e apreensão.
Uma das maiores empresas do município, o frigorífico aparece em 11º lugar em retorno de ICMS ao município, o que representa em torno de 0,25% do valor total
As diligências ocorreram nos municípios de Harmonia, Lajeado, Santa Clara do Sul e Santa Cruz do Sul. O frigorifico Frigoforte teve as atividades suspensas. A terceira fase da operação Grande Negócio foi a conclusão de uma investigação que durou um ano e meio.
A ação foi realizada pela Delegacia de Polícia Especializada na Repressão aos Crimes Rurais e Abigeato (Decrab) de Bagé, com apoio das delegacias de Lajeado, Santa Cruz do Sul e Montenegro.
“Gado fantasma”
Os falsos produtores de bovinos tiravam notas de venda de gado para o frigorífico de Santa Clara do Sul, que emitia contranotas. Assim, a transação adquiria aparência de legalidade.
As movimentações eram declaradas no imposto de renda dos investigados e do frigorífico. Desta forma, a empresa também se beneficiava financeiramente com as transações falsas, obtendo ganhos tributários ilegais e distribuindo pro-labore sem anotação contábil. O esquema teria lavado mais de R$ 900 mil.
15 meses de investigação
A investigação começou em março de 2018, a partir da suspeita de um morador de Harmonia, no Vale do Caí. Ele declarava venda de gado para ser abatido no frigorífico, mas não possuía lotação junto à Inspetoria Veterinária nem tirava Guias de Trânsito Animal (GTA). É a chamada venda de “gado fantasma”. Na prática, a comercialização dos animais não ocorria, apenas era declarada na contabilidade.
Ao longo da apuração foram constatados outros dois indivíduos, de Santa Cruz do Sul, que faziam a mesma operação. De acordo com a Polícia Civil, os três eram empresários autônomos e não produtores rurais.
O dinheiro seria proveniente de diversas atividades, como prestação de serviço e venda de carros, e não era declarado ao imposto de renda. A venda de gado era uma forma de regularizar a situação dos recursos com baixa carga de impostos. Os crimes investigados são organização criminosa, estelionato e lavagem de dinheiro.