Os desafios da transformação digital e suas consequências para os negócios foram o tema da 19ª Convenção CDL Lajeado. Cerca de 700 pessoas participaram do evento, no Clube Tiro e Caça.
Crédito: thiago mauriqueA escritora e especialista em marketing digital, Martha Gabriel, apontou as sete principais tecnologias para a inovação: inteligência artificial, internet das coisas, big data, blockchain, robótica, nanotecnologia e impressão 3D
Um dia dedicado a pensar, discutir e encontrar soluções para dúvidas que afligem os lojistas. Na 19ª edição da Convenção da CDL Lajeado, quatro palestrantes de renome nacional atualizaram as transformações na relação de consumo devido à imersão tecnológica.
A programação começou com o especialista em varejo Fabiano Zortéa. Com 15 anos de experiência no Sebra e participações na NRF Retail Show, maior feira de varejo do mundo realizada em Nova Iorque, apresentou cases gaúchos e internacionais de empresas que inovaram no varejo.
A mudança nos negócios, defende, precisa ser substancial, surpreendentes e que resolvam problemas dos clientes. Como exemplo, mostrou a campanha publicitária de uma rede de supermercados nos EUA onde a pessoa compra por meio de um aplicativo no celular e depois retira os produtos.
“É a ideia de permitir que o cliente possa gastar o seu tempo, que é algo preciso, fazendo outras coisas, como ficar com a família”, destaca. Segundo ele, hoje as empresas não devem mais estar apenas no digital ou no físico, e sim unir as duas coisas.
Algumas soluções são extremamente simples e não envolvem grandes custos, diz. Como de uma rede de cosméticos. Com sacolas em cores diferentes, identifica como cada cliente quer ser atendido. “A vermelha é de quem não quer ser assistido e a verde para quem prefere um atendimento. Isso soluciona um problema importante e ainda ajuda a induzir as vendas, pois as pessoas tendem a querer encher as sacolas.”
Para o palestrante, as empresas também precisam compreender as vantagens de trabalhar de forma cooperada, seja com outrora concorrentes ou com negócios de outro setor. Apresentou exemplo de uma marca de roupas masculinas com lojas em todo o Brasil que fechou parceria com uma cervejaria artesanal.
O empresário começou a perguntar se seus clientes gostariam de tomar uma cerveja na loja. Dessa forma, aponta, se às 15h as unidades estariam vazias, agora podem receber turmas em happy hours, e essas pessoas podem comprar as roupas na mesma hora ou ficar pensando nos produtos para comprar em outro dia.
Robôs e os novos consumidores
A adaptação das empresas à transformação digital foi tema da palestra com a escritora e especialista em marketing digital, Martha Gabriel. Segundo ela, as empresas estão em um momento crítico onde precisam ingressar no mundo tecnológico se quiserem sobreviver, mas necessitam ter pensamento crítico para avaliar quais tecnologias são úteis para o negócio.
“De nada adianta gastar muito dinheiro com algo que até pode atrair o público, mas não resulta em conversão de vendas”, alerta. Conforme Martha, a tecnologia sempre mudou realidade, mas agora faz isso de forma muito rápida.
Hoje, aponta, a tecnologia acaba eliminando os intermediários que cumprem funções automáticas.
Para ela, os profissionais e empresas que não agregarem algum tipo de valor serão substituídas. “O robô faz coisas mecânicas e simples, enquanto o humano ficará com as coisas mais complexas.”
Conforme a palestrante, não é possível mudar a situação de uma empresa lutando ou criticando a realidade atual, e sim mudando o modelo. Cita como exemplo a indústria fonográfica, que ficou brigando contra os downloads enquanto via a Apple, por meio do Itunes e, posteriormente, o Spotify revolucionarem o mercado.
Após o almoço, a palestra foi com o especialista em Marketing Digital e em Negociação, Estratégias Disruptivas e Finanças, Thiago Mello (detalhes na entrevista ao lado).
O fechamento do evento ficou por conta do Youtuber e um dos principais influenciadores digitais do país, Murilo Gun. Com bom humor, ele falou sobre os desafios diante das mudanças que podem resultar no próprio fim da espécie humano.
“É algo desafiador, mas é simples, pois precisamos resgatar as coisas que nos fazem humanos”, ressalta. Segundo Gun, somente o ser humano é capaz de se reinventar e fazer coisas novas, por meio da criatividade. Por muito tempo, os homens tentaram regrar comportamentos automáticos e repetitivos, desprovidos de criatividade.
“A tecnologia que surge não vem roubar os empregos dos humanos e sim para devolver a nossa humanidade”, acredita. Lembra que a tecnologia é muito eficiente na repetição de seus padrões, e que as pessoas só serão úteis se utilizarem a imaginação para resolver problemas que os robôs não conseguem resolver.