Gestão
“Chegou a hora de deixar a quarta geração assumir”
Aline Eggers Bagatini assume presidência da Fruki pelos próximos dez anos

Uma das mais tradicionais indústrias do RS finalizou em abril o processo de sucessão familiar. Em um evento com os acionistas da empresa na quinta-feira, 25, o presidente executivo da Fruki, Nelson Eggers, transmitiu o cargo para a filha, Aline Eggers Bagatini, então diretora Administrativa e de RH da companhia.
A acensão de Aline ao cargo faz parte de um processo de governança corporativa iniciado no começo dos anos 2000. Ela ficará no cargo por dez anos e será sucedida pelo irmão Júlio Eggers, que estava como diretor de Marketing e passa para a diretoria Administrativa e de RH.
Nelson Eggers assume agora a função de presidente do Conselho Consultivo. Segundo ele, a sucessão vinha sendo preparada desde 2005, e teve a participação da presidente do Instituto Sucessor, Magda Ehlers. “Chegou o momento de deixar a quarta geração assumir.”
Conforme Eggers, a sucessão é necessária para garantir o prosseguimento da indústria que completou 95 anos de história em 2019. “Estamos próximos de completar cem anos e já falamos em um trabalho para dois séculos. Temos muito o que crescer, inclusive no mercado internacional.”
Para Aline, assumir o cargo é um desafio que aumenta suas responsabilidades na empresa, em especial por substituir o pai. “É uma pessoa muito ousada, com uma visão de futuro impressionante, que nos desafia o tempo todo e continuará nos cobrando enquanto presidente do Conselho Consultivo.”
Por parte do mercado, Aline destaca o desafio de imprimir velocidade nas decisões, inovar, trazer novas ideias e sair do lugar comum. “A Fruki sempre teve isso em sua cultura. Devemos tentar e ousar para atingir nossos objetivos, mas o erro não pode comprometer o negócio. Com 95 anos de história, não somos uma startup.”
Segundo ela, os objetivos imediatos da companhia são de conquistar novos mercados e fortalecer a atuação em Santa Catarina, assim como expandir as vendas da cerveja Bellavista. “Além disso, temos a construção da fábrica em Paverama, maior investimento já realizado pela empresa.”
Conforme Aline, a transmissão do cargo é, também, um gesto de generosidade de Nelson Eggers. Para a agora presidente, a atitude e a forma como a sucessão foi planejada demonstra a percepção de que a empresa está acima da figura do empresário.
Governança corporativa
De acordo com Aline, a organização da gestão da Fruki começou em 2002, quando a companhia optou por implementar o PGQP. Com isso, afirma, a empresa passou a ser enxergada como um todo. “Meu pai sempre disse que quando cada atividade é bem feita, quando cada um faz o seu melhor, o resultado final só pode ser excelente.”
Para ela, o trabalho de governança corporativa passa muita tranquilidade, pois permitiu a escolha das pessoas certas, promoveu treinamentos para o desenvolvimento dos profissionais e ajudou a permear a cultura da Fruki em toda a equipe.
Gerente de recursos humanos da Fruki, Ana Luisa Hermann afirma que este processo de governança proporciona muita tranquilidade para os colaboradores da empresa. “A sucessão é importante, mas a Fruki muda sem mudar. Nelson Eggers é um líder inspirador e vai continuar desempenhando um papel importante.”
Para ela, a forma como a sucessão ocorreu demonstra que a empresa vai continuar crescendo e prosperando. Ressalta que, junto com a mudança na presidência, a indústria implementa um projeto organizacional para perpetuar a cultura da companhia e promover o desenvolvimento comportamental das pessoas.
“A sucessão da Fruki está fundamentada em processos e planejamentos”
Presidente do Instituto Sucessor, Magda Geyer Ehlers foi contratada pela Fruki para conduzir o processo de sucessão na empresa. Psicóloga e consultora, ela foi executiva nas áreas de Recursos Humanos, Planejamento e Desenvolvimento Organizacional em grandes companhias até abrir a própria empresa focada exclusivamente na sucessão familiar.
Como um processo de sucessão bem estabelecido beneficia as empresas?
Magda Ehlers – Quanto mais preventivo for um processo de sucessão, melhor. Os equívocos que acontecem na sucessão ocorrem por não serem calcados em decisões profissionais. As pessoas são escolhidas sem critério, não são preparadas e não há acordos que amarram essas decisões. As pessoas da família assumem de um jeito informal e aí ocorrem os problemas. Quanto mais preparado for o processo, menor o risco. Faz algum tempo que a sucessão é uma preocupação dos empresários. Anos atrás era um fato novo, mas agora as pessoas sabem o quanto isso é importante e existem muito órgãos de governanças que explicam esta necessidade e qualificam o processo.
Quando uma família deve começar a preparar os herdeiros para a sucessão?
Magda – Acho importante passar os valores familiares desde cedo. A aproximação e a admiração pela empresa da família, assim como o respeito pela obra da família, devem ser estimulados ainda na infância. Na adolescência, no momento da escolha da profissão, é uma oportunidade para quem tem uma empresa ajudar seus filhos a focar e saber o que eles vão querer. Nem sempre a família precisa estar na gestão do negócio.
Como funciona a sucessão neste caso?
Magda – A família precisa definir suas intenções quanto ao negócio para saber se ficará ou não dentro da gestão. A sucessão pode acontecer com a família toda fora, em um modelo de gestão totalmente profissionalizado e com uma boa governança corporativa. Nesse processo, o órgão de gestão mais importante é o Conselho de Família, onde os familiares se reúnem para tomar as decisões de médio e longo prazo.
Qual foi o planejamento realizado pela Fruki para esse momento?
Magda – A Fruki planeja a sucessão faz muito tempo. A empresa goza de um conceito muito bom, de vanguarda. É a terceira marca mais admirada no Estado e muito inovadora. A Aline tem uma trajetória profissional de muito sucesso, trabalhou por dez anos na distribuidora Ipiranga e depois foi convidada pelo pai para ingressar na empresa, onde está há 16 anos. Nesses tempo, ela foi conhecendo a empresa e galgando posições por mérito. Estava ocupando uma diretoria muito bem administrada, que tem participação de outros profissionais da família e do mercado.
Esta equipe de profissionais está muito entrosada e não vai sofrer nenhum tipo de descontinuidade com a ascensão da Aline. Ela vai coordenar um grupo de trabalho que já são colegas dela há muito tempo. Esse trabalho foi preparado, planejando com reuniões com irmãos e a família, e com análise de desempenho. Foi constituído um conselho consultivo, com dois conselheiros externos. Estamos muito tranquilos, porque a sucessão está bem fundamentada em processos e planejamentos.
De que forma os processos bem estabelecidos contribuem com este momento?
Magda – Os processos são a forma com o qual o empresário consegue controlar a empresa, com a utilização de indicadores, números, fatos e dados. Dessa forma, ele consegue avaliar com clareza o desempenho da empresa, corrigir os rumos e estabelecer um novo patamar de decisões. A Fruki tem a cultura do planejamento estratégico do controle de orçamento mensal, e todos os diretores passam por um processo de desenvolvimento e qualificação. A cultura da Fruki é sempre fazer o melhor e bem feito e isso eles passam para nós consultores e parceiros. Se todas as empresas agissem dessa forma, tudo seria mais fácil. Felizmente, cada vez mais empresas tem trabalhado com planejamento estratégico e processos bem estabelecidos.
Qual o papel do Nelson Eggers neste momento da Fruki?
Magda – Ele é um visionário, um homem à frente do seu tempo, que está sempre pensando no próximo passo da empresa. Vai se manter na Fruki, inovando e trazendo novos projetos e negócios. O Nelson é um líder nato, e a empresa precisa dele. A missão dele ainda é grande. Ele ficará no conselho, aconselhando a família e os profissionais da empresa. Com essa postura de tanta legitimidade no mercado, e internamente na empresa, a Fruki só tem a ganhar. Ele se preparou para esse momento e está muito tranquilo quanto à sucessão.
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